24.10.07

Iº Ciclo de Cinema e Filosofia



O grupo PET (Programa de Educação tutorial) de Filosofia da UFBA realizará um ciclo de Cinema e Filosofia. Com esse projeto, pretendemos estabelecer diálogos com diferentes áreas de conhecimento e a filosofia: serão seções onde exibiremos filmes clássicos e contemporâneos e faremos discussões sobre questões filosóficas, políticas, etc., explorando a diversidade de abordagens teóricas

https://argumento.ffch.ufba.br/twiki/bin/view/PETFilosofia/WebHome
http://petdefilosofiadaufba.blogspot.com/

6.10.07

Os Sofrimentos do Jovem Werther

Os Sofrimentos do Jovem Werther traz o drama desde o título, ultra romântico. Lançado no final do século XVIII na Alemanha, escrito por Goethe, este livro é famoso por supostamente ter sido causa de uma onda de suicídios dos leitores, de tão triste que é o destino de Werther. O protagonista sofre de amor por Charlotte Buff, noiva de outro, ainda por cima amigo. O livro é escrito com uma estratégia que acho particularmente interessante. Começa da seguinte forma:

"Juntei tudo o que foi possível recolher acerca do pobre Werther, e aqui lhes apresento, seguro de que por isso vocês irão me agradecer. Também sei que não poderão recusar sua admiração e amizade ao espírito e caráter desse jovem, e nem deixarão de verter lágrimas por seu destino. E você, bom homem, que sente as mesmas angústias do desafortunado Werther, que você possa encontrar consolação em seus pensamentros; e que faça deste livro um amigo, se não puder encontrar, por força do destino ou por própria culpa, alguém mais próximo."

È um romance epistolar, todo constituído de cartas. A partir da advertência do "editor", todo o livro é feito de correspondências nas quais o protagonista conta a seu amigo, Wilhelm, como conhece e se apaixona perdidamente por Charlotte.

Li já há algum tempo este livro. Emprestei a um colega já faz algum tempo e, esta semana [deus/destino é piadista], ele devolveu-me. O livro "envelheceu" um pouco. De um modo mais geral, esse tipo de romantismo é considerado "brega", "sem dignidade" hoje. E, particularmente falando, o tempo que se passou desde que li pela primeira vez, deixei de entregar-me tão desesperadamente [ou pelo menos me convenci disso] a amores adolescentes infinitos.

Porém, os sofrimentos narrados continuam a ser impactantes. Particularmente acho a carta de 30 de outubro bastante definidora de todo o tom do livro:

"Já estive a ponto de apertá-la em meus braços centenas de vezes! Deus todo-poderoso, sabe o que se sente ao ver todos os encantos e não poder tocar... E no entando, é um impulso natural da humanidade o querer tocar o que nos fere os sentidos. Não é o que fazem as crianças? E eu?"

Seja um amor desesperado, atração física ou complicações românticas várias, todo mundo já passou por uma situação destas. A civilidade é posta em risco quando a paixão obscurece as constatações racionais de que tudo impede o relacionamento.

A edição que tenho é a da Martin Claret, livro de bolso de baixo custo. Pequenino, dá pra carregar e ir lendo aos poucos. Só cuidado caso não saiba o final. A espertíssima editora revela o destino de Werther na contra-capa do livro. Porém, é barato e poucas gramas que valem muito a pena.

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